segunda-feira, 18 de março de 2013

Viajando aos Extremos - Mali: Deserto do Saara


Site: www.youtube.com.br em 18 de março de 2013.

A África antes dos europeus – O Império do Mali e o Reino do Congo

A história registra a existência de diversos povos na África, entre os séculos VIII e XVII. Esse período compreende os relatos sobre a existência de impérios e reinos prósperos, como o Império do Mali e o Reino do Congo.

O Império Mali localizava-se no deserto do Saara, na África ocidental. Por serem escassos os vestígios arqueológicos desse povo, a maior parte dos relatos sobre sua existência foi revelada pelos griots, cantores, músicos e poetas que transmitem as histórias de seu povo.


Os griots contam que o povo mandinga foi dominado pelo povo sosso de Gana, cujo rei era muito cruel e massacrou toda a família Keita, que reinava na região. O único sobrevivente dos Keita, Sundiata Keita, liderou os mandingas contra os opressores sossos, conquistou Gana e passou a reinar sobre um extenso território denominado Império Mali. No poder, Sundiata Keita anexou Gana e converteu-se ao islamismo, tornando-se mansa daquela região.

As principais cidades negras eram Djenné e Tombuctu. Esta era a terceira maior cidade africana e agregava, a partir do século XIV, cerca de 150 escolas, que, contudo, eram restritas à elite, já que as aulas eram ministradas em árabe e não nos idiomas locais.

O apogeu do Império Mali ocorreu durante o governo do mansa Kanku Mussá. Mussá fez uma famosa peregrinação a Meca, levando consigo cerca de 60 mil pessoas e toneladas de ouro para distribuir para os mais necessitados, já que esse metal era o centro da economia malinesa. Diz-se que a distribuição foi tão grande, que o preço do metal precioso despencou.

No século XV, porém, o Mali começou a perder territórios para outros reinos negros, além disso, uma nova ameaça surgira: os portugueses. O rei de Portugal, Dom João II enviou a Mali uma embaixada, que pouco a pouco foi reunindo informações sobre o Império africano a fim de penetrar ainda mais o território malinês. Como não possuíam armas de fogo como os portugueses, o malineses foram se submetendo aos europeus. O principal interesse dos portugueses era controlar o tráfico de escravos da região e, para isso, aproveitavam-se das rivalidades existentes entre os próprios povos africanos, incentivando a luta destes contra o imperador do Mali. Dentro de menos de um século, os europeus esfacelaram o Império Mali.

O segundo maior reino africano foi o reino do Congo, que se localizava no litoral da África Central. Os povos que habitavam essa região falavam línguas banto, tronco lingüístico que reúne cerca de 470 idiomas.


O reino do Congo nasceu do casamento entre o chefe do povo kicongo e uma mulher do povo ambundo, no século XIV. Os governantes desse reino recebiam no nome de manicongo e estenderam a extensão do mesmo através de casamentos e conquistas militares.


O manicongo possuía um trono e recebia de seus súditos impostos que eram pagos com produtos (metais, frutas, gado e marfim) ou em dinheiro (nzimbu, uma espécie de concha marinha da Ilha de Luanda cuja extração era monopólio real), além disso era o próprio juiz e resolvia pessoalmente e em praça pública disputas judiciárias de seu povo.

No final do século XV, o navegador Diogo Cão chegou a foz do rio Congo, e o manicongo o recebeu cordialmente, talvez por temer as armas de fogo. A recepção amistosa permitiu aos portugueses interferir diretamente na política africana.

Com a morte do rei do Congo, seus dois filhos iniciaram a disputa pelo trono. Um deles, Nzinga Mbemba, foi ajudado pelos portugueses e venceu o irmão. Mbemba converteu-se ao cristianismo e adotou um nome português, Affonso, absorvendo a cultura européia através de estudos realizados junto a padres. Affonso I pretendia fortalecer seu reino, mas o rei de Portugal enviou à região traficantes interessados em escravizar e vender os negros.

Ao perceber a intenção dos europeus, Affonso I apelou ao rei de Portugal e ao Papa, a fim de proibir o tráfico de negros, contudo em vão. O reino do Congo declinou a serviço do tráfico atlântico de escravos para trabalhar nas terras do Novo Mundo. No século seguinte, tentaram uma revolta antilusitana, mas foram derrotados, e o Congo passou para o domínio português.

Site: http://tudosimehistoria.blogspot.com.br em 18 de março de 2013.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A expansão islâmica


Mapa da expansão dos califados árabes
  Expansão até à morte de Maomé, 622-632
  Expansão durante o Califado Rashidun, 632-661
  Expansão durante o Califado Omíada, 661-750
expansão islâmica (632–732), (em árabe فتح, Fatah, literalmente "abertura") também chamada de conquistas islâmicas ou conquistas árabes, começou logo após a morte do profeta Maomé. Ele havia estabelecido uma nova organização política unificada na península Arábica, a qual, sob o subsequente domínio dos califas do Rashidun e Omíadas, experimentou uma rápida expansão do poder árabe para muito além da península, sob a forma de um vasto Império Árabe muçulmano, com uma área de influência que se estendia do noroeste da Índia, através da Ásia Central, o Oriente Médio, África do Norte, península Itálica meridional e península Ibérica, até os Pireneus. Edward Gibbon escreveu em sua History of the Decline and Fall of the Roman Empire:

"Sob os últimos Omíadas, o Império Árabe estendia-se por uma jornada de duzentos dias do leste para o oeste, dos confins da Tartária e Índia até as praias do Oceano Atlântico. E se encurtássemos as mangas da túnica, no dizer de seus escritores, era a longa e estreita província de marcha de uma caravana. Em vão buscaríamos a união indissolúvel e a obediência fácil disseminados no governo de Augusto e dos Antoninos; mas o progresso do Islã difundiu entre no "Transformice" por este amplo espaço uma semelhança generalizada de modos e opiniões. A língua e as leis do Qu'ran eram estudadas com igual devoção em Samarcanda e Sevilha: os mourose os hindus abraçavam-se como conterrâneos e irmãos em peregrinação à Meeca; e a língua árabe era adotada como idioma popular em todas as províncias a oeste do rio Tigre."

Site: pt.wikipedia.org, em 15 de março de 2013.


Islamismo


O Islamismo é uma religião monoteísta, ou seja, acredita na existência de um único Deus; é fundamentada nos ensinamentos de Mohammed, ou Muhammad, chamado pelos ocidentais de Maomé. Nascido em Meca, no ano 570, Maomé começou sua pregação aos 40 anos, na região onde atualmente corresponde ao território da Arábia Saudita. Conforme a tradição, o arcanjo Gabriel revelou-lhe a existência de um Deus único.

A palavra islã significa submeter-se e exprime a obediência à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Seus seguidores são os muçulmanos (Muslim, em árabe), aquele que se subordina a Deus. Atualmente, é a religião que mais se expande no mundo, está presente em mais de 80 países.

Alcorão, livro sagrado do Islamismo
O livro sagrado do Islamismo é o alcorão (do árabe alqur´rãn, leitura), consiste na coletânea das revelações divinas recebidas por Maomé de 610 a 632. Seus principais ensinamentos são a onipotência de Deus e a necessidade de bondade, generosidade e justiça nas relações entre os seres humanos.

Dentre os vários princípios do Islamismo, cinco são regras fundamentais para os mulçumanos:
- Crer em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta;
- Realizar cinco orações diárias comunitárias (sãlat);
- Ser generoso para com os pobres e dar esmolas;
- Obedecer ao jejum religioso durante o ramadã (mês anual de jejum);
- Ir em peregrinação à Meca pelo menos uma vez durante a vida (hajj).


Oração dos mulçumanos
Após a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu ramificações, ocorrendo divisão em diversas vertentes com características distintas. As vertentes do Islamismo que possuem maior quantidade de seguidores são a dos sunitas (maioria) e a dos xiitas. Xiita significa “partidário de Ali” – Ali Abu Talib, califa (soberano muçulmano) que se casou com Fátima, filha de Maomé, e acabou assassinado. Os sunitas defenderam o califado de Abu Bakr, um dos primeiros convertidos ao Islã e discípulo de Maomé. As principais características são:

Sunitas – defendem que o chefe do Estado mulçumano (califa) deve reunir virtudes como honra, respeito pelas leis e capacidade de trabalho, porém, não acham que ele deve ser infalível ou impecável em suas ações. Além do Alcorão, os sunitas utilizam como fonte de ensinamentos religiosos as Sunas, livro que reúne o conjunto de tradições recolhidas com os companheiros de Maomé.

Xiitas – alegam que a chefia do Estado muçulmano só pode ser ocupada por alguém que seja descendente do profeta Maomé ou que possua algum vínculo de parentesco com ele. Afirmam que o chefe da comunidade islâmica, o imã, é diretamente inspirado por Alá, sendo, por isso, um ser infalível. Aceitam somente o Alcorão como fonte sagrada de ensinamentos religiosos.

Alguns pontos em comum entre Xiitas e Sunitas são: a individualidade de Deus, a crença nas revelações de Maomé e a crença na ressurreição do profeta no Dia do Julgamento.

No Brasil, o Islamismo chegou, primeiramente, através dos escravos africanos trazidos ao país. Posteriormente, ocorreu um grande fluxo migratório de árabes para o território brasileiro, contribuindo para a expansão da religião. A primeira mesquita islâmica no Brasil foi fundada em 1929, em São Paulo. Atualmente existem aproximadamente 27,3 mil muçulmanos no Brasil.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Site: www.brasilescola.com

Maomé, o profeta do Islã



Segundo a tradição, Maomé (o fundador do Islamismo) ouviu a voz do Anjo Gabriel enquanto meditava por volta de 610 d.C. Segundo o Anjo Gabriel, Maomé seria o Último Profeta de Deus.
Para os seguidores do Islamismo, a Palavra de Deus foi revelada a Maomé e está contida no Livro Sagrado: o Alcorão. Os islamitas seguem as palavras e a vontade de Alá (Deus).
O Alcorão é um livro repleto de capítulos (Suras) repletos de ensinamentos.



Cinco obrigações principais do Islamismo:
  • Crer em Alá e em Maomé
  • Rezar 5 vezes por dia
  • Jejuar durante o Ramadã (mês sagrado dos mulçumanos)
  • Dar esmola aos pobres
  • Ir a Meca pelo menos uma vez na vida
Assim como todo mensageiro de Deus, Maomé também sofreu (no início) com a descrença do povo. O Profeta pregava a crença em um único Deus e isso gerou polêmica e revolta já que naquela época, as pessoas adoravam vários deuses.
Maomé começou a ser perseguido e decidiram matá-lo. Mas ele não desanimou e fugiu para Medina deixando sua terra natal: Meca em 622 d.C. Mesmo assim, as perseguições continuaram e muitos de seus discípulos morreram.
A fuga de Maomé para Meca, simboliza a passagem de uma cultura idólatra para uma crença em um único Deus (Alá). Para os islamitas o ano de 622 tornou-se o ano zero.
Apesar da importância do Profeta, não existem dados biográficos sobre a sua vida.
Maomé é uma tradução (não muito bem aceita pelos mulçumanos) de Muhammad.
Quando o Profeta morreu, deixou uma comunidade unida e politizada sob os preceitos do Alcorão. Seu lema era: “Só há um Deus, e Maomé é seu Profeta”.
Hoje existe mais de 1 bilhão de mulçumanos e o Islamismo é a religião que mais cresce no mundo.



Site: infoescola.com, em 15 de março de 2013.

A Arábia antes do Islã



Antes do islamismo, os beduínos do deserto prestavam adoração a vários deuses.

A Arábia ou Península Arábica é uma região desértica do Oriente Médio banhada pelo mar Vermelho e pelas águas do oceano Índico. Do ponto de vista histórico, esta região ficou bastante conhecida como berço de uma das mais importantes religiões do mundo, o islamismo. Surgida no século VII, esta religião estabeleceu mudanças significativas nas configurações políticas, econômicas e culturais de todo o mundo árabe.

Antes do Islã, a Península Arábica esteve basicamente dividida entre as regiões litorânea e desértica. Os desertos da Arábia eram ocupados por uma série de tribos vagantes, que tinham seus integrantes conhecidos como beduínos. Os beduínos não apresentavam unidade política, eram politeístas e sobreviviam das atividades de pastoreio organizadas nos oásis que encontravam no interior da Arábia.

Sob o aspecto religioso, prestavam adoração a objetos sagrados, forças da natureza e acreditavam na intervenção de espíritos maus. Para que pudessem promover as suas crenças e rituais, os beduínos se dirigiam até as cidades litorâneas que abrigavam vários de seus símbolos e objetos sagrados. Com o passar do tempo, esse deslocamento regular firmou uma significativa atividade comercial.

Ao se dirigirem até o litoral, os beduínos aproveitavam da oportunidade para realizarem negócios com os comerciantes das cidades sagradas. Dessa forma, a economia da Península Arábica era fortemente influenciada pelo calendário que determinava as festividades dedicadas aos vários deuses árabes. Já nessa época, as cidades de Meca e Yatreb se destacavam como grandes centros comerciais e religiosos.

Pregando uma crença de natureza monoteísta, Maomé, o maior profeta do islamismo, possibilitava mudanças profundas no mundo árabe. Com a expansão do culto a uma única divindade, as constantes peregrinações religiosas e os negócios poderiam perder o seu sentido. Não por acaso, vários comerciantes da cidade de Meca se opuseram à expansão da crença muçulmana em seus primórdios.

Graças à organização militar dos primeiros convertidos, Maomé conseguira vencer a resistência dos comerciantes de Meca contra o islamismo. Além disso, podemos salientar que a nova religião não abandonou todas as crenças anteriores ao islamismo e preservou a importância religiosa das cidades comerciais. Dessa forma, o islamismo pôde conquistar a Península Arábica a partir do século VII.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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segunda-feira, 11 de março de 2013

Os Bárbaros



Os bárbaros, além de exímios guerreiros, eram excelentes criadores de cavalos.

A palavra “bárbaro” significa “não grego”.

Os Bárbaros eram povos germânicos que não habitavam o Império Romano. Entre eles estão os francos, os lombardos, os hunos, os visigodos, os vikings e os ostrogodos. Cada povo possuía política e organização social própria. Eram povos harmônicos, que viviam da agricultura e eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses, aos quais ofereciam oferendas e dedicavam suas vitórias. Plantavam grãos e cultivavam animais para o comércio e seu próprio consumo. De todos os povos bárbaros, um deles merece maior importância: os hunos.

Bastante ambiciosos, os hunos eram hábeis guerreiros, porém violentos. Dedicavam-se a invasões, saques e pilhagens para sua sobrevivência e expansão territorial. Por conta desta ambição, durante anos pressionaram os demais povos bárbaros para uma invasão ao Império Romano com o intuito de explorar terras férteis (a Germânia era um território infértil, coberto por pântanos, o que dificultava o plantio) e acumular riquezas. Quando finalmente conseguiram, no século V, contribuíram intensamente para a queda do Império, mas não foram os principais responsáveis, pois na época das invasões o Império já se encontrava em crise.
 
Por Demercino Júnior
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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O conceito de Idade Média: Conceito ou Preconceito?



Idade Média: período de lutas e conquistas.
O que chamamos de Idade Média é o período compreendido entre a deposição do último soberano do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augústulo (476, século V), até a conquista da cidade de Constantinopla, pelos turcos (1453, século XV), pondo fim ao Império Bizantino.

Esse período, pelas inúmeras invasões territoriais, frequentes guerras e ampla intervenção da Igreja ficou conhecido pelos renascentistas, no século XVI, como a “Idade das Trevas”, a “Idade da Fé” ou a “Espessa noite gótica”. O termo “Idade Média” vem do latim medium aevo. Durante o século XV, o humanismo dividiu o latim em três categorias: latim clássico, latim bárbaro e latim dos humanistas. Mas entre o latim clássico e sua redescoberta, existiu um latim que fugiu dos padrões da Antiguidade Clássica, chamado latinitas media. A expressão medievo, período compreendido entre os séculos V e XV, surgiu deste latim.

No século XVI alguns pensadores teorizaram a Idade Média como um período decadente. Uma fase da História em que, por conta da interferência religiosa, a ignorância predominou. No século seguinte a Idade Média começou a ter seu valor reconhecido. A Europa vivia um período conhecido como Romantismo, época em que a sensibilidade aflorou. Os românticos buscavam uma identidade nacional e uma maior aproximação do passado com o intuito de entender melhor seu presente.

Mas foi no século XX que a Idade Média foi reconhecida como um período de descobertas que transformaram nosso meio. Além de ser a origem de nossa miscigenação (através da mescla de valores da sociedade antiga com os povos germânicos), segundo Jacques Le Goff (em seu livro “Para um novo conceito de Idade Média”. Lisboa: editorial Estampa, 1980, p. 12.), foi na Idade Média que surgiu a sociedade moderna, que criou “a cidade, a nação, o Estado, a universidade, o moinho, a máquina, a hora e o relógio, o livro, o garfo, o vestuário, a pessoa, a consciência e, finalmente, a revolução”.

A Idade Contemporânea procurou (e procura) investigar os fatos sem julgá-los. A História evoluiu, deixando de privilegiar biografias e elites, para explorar costumes, crenças, festas, vida cotidiana, entre outros. Em 1929, na França, a fim de estudar uma “Nova História”, Marc Bloch e Lucien Febrve criaram uma revista que reformulou nossa historiografia e influenciou um grupo de historiadores franceses a estudar a maneira de pensar dos homens. A “História das Mentalidades”, como é conhecida, examinou fontes literárias, arqueológicas e artísticas pouco exploradas referentes à Idade Média e foi responsável por seu novo conceito.
 
Por Demercino Júnior
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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Educação na Idade Média


Sorbonne, uma das mais antigas Universidades da Europa 
Sorbonne, uma das mais antigas Universidades da Europa

O processo de educação na Idade Média era responsabilidade da Igreja. Existiam nesse período medieval escolas que funcionavam anexas às catedrais ou a escolas monásticas que funcionavam nos mosteiros, nesse contexto, a Igreja assumiu a tarefa de disseminar a educação e a cultura no medievo e o seu papel foi preponderante para o nosso legado educacional contemporâneo.
A escola no período medieval era dirigida por um cônego, ao qual se dava o nome de scholarius ou scholasticus. Os professores eram clérigos de ordens menores e lecionavam as chamadas sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, geografia, astronomia e música, que mais tarde constituíram o currriculum de muitas universidades.
Para acontecer o ensino precisava-se de uma autorização, essa era cedida pelos bispos e pelos diretores das escolas eclesiásticas que, com medo de perderem a influência, dificultavam ao máximo essa concessão. Reagindo contra essas limitações, professores e alunos organizaram-se em associações denominadasuniversitas, que mais tarde originou a palavra universidadesAs universidadeseram compostas por quatro divisões ou faculdades. A faculdade de Artes era o lugar onde a educação acontecia de forma mais geral, as faculdades de Direito, Medicina e Teologia trabalhavam o conhecimento de forma mais específica. Os diretores das faculdades eram chamados de decanos e eleitos pelos professores; o decano da Faculdade de Artes era o reitor e representava oficialmente a universidade.
Os cursos oferecidos eram em latim e com isso exigia-se do estudante muito empenho e dedicação. O estudo das sete artes liberais era dividido em dois ciclos: o trivium e o quadrivium. O primeiro compreendia a gramática, a retórica e a lógica; o segundo compunha-se do estudo da aritmética, geografia, astronomia e música. Conforme o grau de afinidade, distribuíam-se então os estudantes pelos cursos de Direito, Medicina e Teologia. Os estudantes viviam em um ritmo frenético e as calorosas discussões com a população eram rotineiras. De uma forma geral os estudantes eram de origem humilde e muitos viviam internos em colégios ou internatos que contavam com rígidas formas disciplinadoras estudantis. Com o tempo esses colégios passaram a constituir campos de estudos autônomos, sendo que alguns deles ainda existem, e são renomados mundialmente, como os de Oxford, Cambridge e o de Sorbonne, fundado em 1257 por Rogério de Sorbon, na França.
A metodologia de ensino baseava-se na leitura de textos e na exposição de ideias feitas pelos professores. As aulas muitas vezes eram animadas quando os debates entre mestres e alunos eram travados em público, discutiam sobre um tema determinado, essas aulas foram denominadas de scholastica disputattio. Esse processo de estudo foi muito usado por São Tomás De Aquino e foi chamado de escolástica. A escolástica teve seu apogeu no século XIII, o método proporcionou a criação de diversas Universidades por toda a Europa, como as deParis, Oxford, Cambridge, Salerno, Bolonha, Nápoles, Roma, Pádua, Praga, Lisboa e assim por diante. Sendo que a Universidade de Bolonha ficou célebre por sua faculdade de Direito e Salerno, por sua faculdade de Medicina.

Por Lilian Aguiar
Graduada em História
Equipe Brasil Escola
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O Clero



Os membros da Igreja tiveram grande poder e influência no mundo medieval.


Com o desenvolvimento da fé cristã pela Europa, a Igreja passou a ter um papel de ação social e político cada vez mais amplo nos tempos medievais. Desde sua conjunção com o Estado Romano, os membros eclesiásticos dispensavam esforços para organizar a sua própria hierarquia, determinar as crenças e realizar a conversão dos pagãos. No século IV, o Concílio de Niceia definiu as bases doutrinárias da religião e o combate às dissidências interpretativas.

No século seguinte, a hierarquia da Igreja se mostrava organizada em uma complexa estrutura. Na base estavam os padres, responsáveis pela condução das paróquias espalhadas em uma mesma diocese. Logo em seguida, os bispos tomavam conta de uma província e os arcebispos das capitais das províncias. No topo se encontravam os patriarcas, que tomavam conta das mais importantes cidades; e o papa, líder máximo que determinava as ações de todos aqueles que ocupavam os escalões inferiores.

Com o passar do tempo, observamos que essas ações de organização religiosa e administrativa passaram a conviver com outra situação. A doação de feudos como sinal de devoção acabou fazendo com que a Igreja se transformasse em uma grande proprietária de terras. Nesse novo contexto, a influência exercida no campo da fé passou a se estender para o campo político e econômico. Em pouco tempo, o celibato entre os clérigos apareceu como uma medida que conservava as propriedades eclesiásticas.

O constante envolvimento da Igreja com questões políticas e econômicas acabou abrindo portas para outra divisão no interior da instituição religiosa. Já na Baixa Idade Média surgiram ordens interessadas em se abster das questões materiais e viver somente em função do plano da espiritualidade. Através de votos de castidade, pobreza e silêncio, estes clérigos buscavam uma experiência espiritual mais elevada e afastada das tentações do mundo material.

Nasceu assim o movimento monástico, onde os cenobitas, mais conhecidos como monges, habitavam o interior dos mosteiros em busca do cumprimento dessa vida de resignação espiritual. No século VI, o monge Bento de Núrsia fundou a ordem monástica beneditina, considerado o primeiro grupo de monges de toda a Idade Média. Logo em seguida, as outras ordens monásticas da Igreja foram inspiradas pelas orientações fundadas pela “Regra de São Bento”.

Esses membros envolvidos restritamente com a questão espiritual seriam reconhecidos como os integrantes do clero regular, ou seja, aqueles que viviam em acordo com as regras dos mosteiros. Por outro lado, os dirigentes religiosos ligados às questões políticas e econômicas, passaram a incorporar o clero secular. Nesta subdivisão, os representantes da Igreja se envolviam na administração das riquezas e interferiam ativamente nas questões políticas da época.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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O poder da Igreja Católica no mundo feudal


Pintura que retrata a vida na Idade Média
Pintura que retrata a vida na Idade Média
A Igreja Católica teve papel preponderante na formação do feudalismo; além de grande proprietária de terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval. Na realidade, foi a instituição que sobreviveu às inúmeras mudanças ocorridas na Europa no século V e, ao promover a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose entre o mundo romano e o bárbaro.
Tal fato a tornou herdeira da cultura clássica, pois no universo medieval a Igreja Católica monopolizava o conhecimento. Sem dúvida alguma sua estrutura fortemente hierarquizada colaborou para que ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o poder. Internamente havia uma divisão entre o alto clero, membros da nobreza que exerciam cargos de direção, e o baixo clero, composto por pessoas originárias dos seguimentos mais pobres da população. O comando de toda essa estrutura lentamente concentrou-se nas mãos do bispo de Roma, que se tornou papa no século V.
Para cumprir a missão de evangelização dos reinos bárbaros entre os séculos V e VII, parte do clero passou a conviver com os fieis, constituindo o clero secular, isto é, aquele que vive no mundo. Entretanto, com o tempo, parte dos religiosos se vinculou aos aspectos temporais e materiais do mundo medieval, ou seja, aos hábitos, interesses, relações, valores e costumes dos homens comuns, afastando-se das origens doutrinárias e religiosas.
Paralelamente ao clero secular surgiu o clero regular, formado por monges que serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos em mosteiros.São Bento organizou a primeira ordem monástica no ocidente, a ordem dos beneditinos, baseado na regra orar e trabalhar, que significa viver, na prática, em estado de obediência, pobreza e castidade. Na verdade, os mosteiros acabaram se tornando o centro da vida cultural e intelectual da Idade Média e também cumpriram funções econômicas e políticas importantes.
Entre os séculos XI e XIII a Igreja viveu diversas crises e mudanças. Contra a concentração de poderes materiais da Igreja surgiram, por exemplo, vários movimentos que questionavam alguns dogmas cristãos e por isso eram considerados heréticos.  Os cátaros, valdenses, patarinos, entre outros, condenavam a riqueza da Igreja e não se submetiam à autoridade do papa. Os hereges foram combatidos com extrema violência pela Igreja Católica, principalmente após a organização do Tribunal do Santo Ofício, no século XII, o julgamento chamava-se Inquisição do Santo Oficio. Dessa crise surgiu uma reforma na Igreja Católica, promovida pelo papa Gregório IX, no século XI. Entre os pontos fundamentais estava a questão de que os senhores feudais não poderiam mais nomear os bispos de sua região, o fim do comércio de bens religiosos, a imposição do celibato clerical e os movimentos das cruzadas.
Na própria Igreja também existiam movimentos contrários ao seu envolvimento nas questões materiais e ao uso da violência contra os hereges. Eram os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso eram conhecidos como ordens mendicantes, que se misturavam ao povo, procurando demonstrar a vida pobre e sacrificada do cristão. No entanto, eles foram incapazes de realizar a moralização definitiva da Igreja. Pode-se considerar que toda movimentação contra as interferências da Igreja Católica no mundo material, iniciada na Idade Média, acabaram originando a grande divisão dos católicos no século XVI, com a Reforma Protestante.

Por Lilian Aguiar
Graduada em História
Equipe Brasil Escola
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Características do Feudalismo


Iluminura que simboliza o modo de vida feudal
Iluminura que simboliza o modo de vida feudal
Na Baixa Idade Média, a sociedade feudal era essencialmente agrária, portanto a terra era a maior riqueza que alguém poderia possuir, ou seja, a terra foi a base econômica do sistema feudal. Em relação aos aspectos políticos, o monarca era a autoridade máxima e absoluta; no entanto, os senhores feudais detinham o poder militar, o judicial e o direito de cunhar suas próprias moedas, assim o monarca passou a ser apenas uma figura simbólica.
A iluminura retrata os servos arando a terra de um senhor feudal
A iluminura retrata os servos arando a terra de um senhor feudal
A sociedade feudal era composta por uma organização social bem delimitada: o clero exercia as funções religiosas, os nobres exerciam as funções militares e os servos produziam os meios de subsistência e pagavam os tributos. A servidão foi uma forma muito peculiar do sistema da sociedade feudal; o servo era um camponês que recebia a terra para sua exploração, mas não era o dono dela.
Nesse sentido, o servo ficava preso ao senhor feudal, devendo-lhe fidelidade, obediência e obrigações pessoais, bem como o pagamento de diferentes impostos. Os servos poderiam ser ex-escravos, camponeses ou demais homens livres que recebiam casa e terra para cultivar. Esses servos eram submetidos espontaneamente ou não ao poder dos grandes senhores.
Nesse contexto, a Igreja, além de possuir uma grande quantidade de feudos e consequentemente de ser a maior proprietária de terras, foi a responsável pela difusão de valores culturais e religiosos da Idade Média. Dessa forma, direcionou e controlou por um longo tempo a mentalidade do homem medieval.

Por Lilian Aguiar
Graduada em História

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As obrigações feudais


As obrigações feudais indicam a situação subalterna dos servos durante a Idade Média.

Na Idade Média, a posse da terra se consolidou como pressuposto fundamental para que o poder político fosse exercido. Os senhores feudais, na qualidade de proprietários, tinham plena autoridade para determinar as leis e regras que organizavam o convívio sociopolítico no interior de suas terras. Dessa forma, aproveitavam dessa situação privilegiada para imprimirem seus interesses sobre a população servil.

Essa prática está assentada na antiga tradição germânica do beneficium, onde um proprietário cede parte de suas terras em troca de tributos e serviços. Além disso, o próprio processo de arrendamento de terras, que marca o fim do Império Romano, também influenciou este processo. No período medieval, esses tributos ficaram conhecidos como obrigações e determinavam o conjunto de impostos que um servo deveria pagar ao senhor feudal.

De fato, ao observamos a grande quantidade de feudos espalhados pela Europa, vemos que essas tributações variavam de acordo com o desígnio de cada proprietário. Apesar da variabilidade, podemos ainda assim apontar algumas das tributações que eram mais recorrentes no mundo feudal.

Uma das obrigações centrais da relação servil era a corveia. Segundo a tradição feudal, o servo era obrigado a trabalhar determinados dias da semana nas terras de seu senhor ou realizando outros reparos e construções. Logo em seguida tínhamos as redevances, uma série de tributos e retribuições que eram pagos através do oferecimento de produtos e dinheiro.

O mais comum dos redevances era a talha, um imposto em que o servo era obrigado a ceder parte da produção de suas terras (manso servil) para o senhor feudal. Além disso, tínhamos as banalidades, que consistia em um conjunto de pequenas tributações pagas em dias festivos ou quando o servo utilizava algumas das instalações do feudo (forno, celeiro, moinho, tonéis, largar e ferramentas).

A capitação era outro tipo de imposto, sob a forma de produtos, cobrada segundo o número de integrantes de uma família. A “mão morta” era paga toda vez que um servo falecia e os seus descendentes procuravam garantir o direito de trabalhar naquelas mesmas terras. Paralelamente, destacamos também a taxa de justiça, obrigação cobrada quando um servo requeria o julgamento de um senhor feudal; e a taxa de casamento, tributada toda vez que um servo casava-se com uma mulher de outro domínio.

Por fim, não bastando esse elevado número de exigências, devemos também destacar que o servo era obrigado a se mostrar hospitaleiro toda vez que um membro da classe nobiliárquica estivesse em viagem. Também beneficiada pelo sistema de obrigações, a Igreja recebia – em épocas especiais – uma taxa denominada Tostão de São Pedro, que tinha parte de seu valor destinado ao Vaticano.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Economia Feudal



Os servos contavam com técnicas de plantio que limitavam a produtividade das colheitas.

Em linhas gerais, a economia feudal se desenvolveu graças ao processo de ruralização desencadeado pela crise do Império Romano. Sem poder usufruir de baixos custos de produção obtidos pela grande mão-de-obra escrava disponível, os grandes proprietários começaram a arrendar as suas terras com o objetivo de, ao menos, garantir as condições necessárias para o próprio sustento. Ao mesmo tempo, a desvalorização das atividades comerciais por parte dos povos germânicos também foram de grande importância para a consolidação de uma economia predominantemente agrária. 

Nos feudos, o desenvolvimento de técnicas agrícolas de baixa produtividade impedia a obtenção de excedentes possivelmente utilizados na realização de atividades comerciais. Ao mesmo tempo, os instrumentos de arado e a qualidade das sementes impediam colheitas expressivas. As terras férteis eram dividias entre os mansos senhoriais, pertencentes ao senhor feudal; os mansos servis, destinados à produção agrícola das populações camponesas; e o manso comum que era utilizado por todos habitantes do feudo. 

A disponibilidade de terras férteis era preocupação constante entre os camponeses. Dessa forma, para prolongarem o tempo útil de uma área agrícola, realizava-se um sistema de rotação de culturas. Nesse sistema, um campo tinha dois terços de sua área ocupado por duas diferentes culturas agrícolas. A outra parcela era deixada em descanso, recuperando-se do desgaste das colheitas anteriores. A cada ano, as parcelas trabalhadas e preservadas revezavam-se entre si, aumentando o tempo útil de um determinado campo. 

De fato, o comércio perdeu bastante espaço nesse contexto. No entanto, as poucas trocas comerciais que aconteciam se davam através das trocas naturais. Gêneros agrícolas eram raramente utilizados para a obtenção de ferramentas ou outros tipos de alimento em falta em determinado feudo. Somente com o incremento das atividades agrícolas e o crescimento demográfico que o quadro da economia feudal sofreu as primeiras transformações responsáveis pelo surgimento de uma classe de comerciantes burgueses.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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A cerimônia de vassalagem



O elo formalizado entre nobres em uma importante instituição feudal.

Ao falarmos sobre a cerimônia de vassalagem, temos a oportunidade de observar uma das mais importantes e significativas instituições de toda a Idade Média. Mais que um simples acordo de ordem econômica e política, essa solenidade nos abre caminho para a observação das instituições e costumes que contaminaram essa época. Sob essa última questão, a vassalagem se constituiu como uma das mais marcantes heranças da tradição germânica na Europa.

Do ponto de vista do acordo firmado, a vassalagem era viabilizada quando um senhor de terras manifestava interesse em doar parte de sua propriedade a um nobre que não possuísse terras. No entanto, ao invés de produzirem um acordo escrito que oficializasse o interesse entre as partes, os nobres envolvidos na situação organizavam uma cerimônia solene em que o compromisso seria confirmado por meio de todo um ritual, marcado por gestos e falas. 

Sob o ponto de vista cultural, essa opção remonta às instituições e ao direito germânico, que semelhantemente se fundamentavam na realização de acordos orais sustentados por relações de fidelidade. A Europa feudal, assim como a cultura bárbara, se mostrava presente e importante naqueles tempos. Paralelamente, vemos no mesmo evento, o desfavor de uma cultura escrita, já que naqueles tempos o mundo letrado praticamente se restringia aos membros da Igreja.

Na solenidade, membros da Igreja e outras testemunhas se colocavam presentes no momento em que o vassalo jurava fidelidade, a prestação de serviço militar e auxílio sempre que o suserano apresentasse alguma necessidade. Em troca, o suserano garantia ao seu vassalo, o uso de domínio de terras, o direito de cobrança de pedágio em alguma localidade do feudo ou o exercício de um cargo. Era dessa forma que a nova relação social entre nobre estava firmada.

Para que a verdade e a seriedade fossem conferidas à situação, o vassalo deveria jurar a sua fidelidade na presença de relíquias sagradas de natureza religiosa. Desse modo, em tempos de forte devoção, o acordo deveria honrar aqueles ícones que “emprestavam” sua sacralidade à solenidade. Além disso, a conjunção carnal, feita por meio de um beijo, também reforçava uma situação de reciprocidade entre o suserano e o vassalo. O corpo era então empregado como instrumento simbólico de uma séria comunhão.

Com o passar do tempo, vemos que as relações de suserania e vassalagem determinaram a formação de uma extensa estrutura hierárquica entre os integrantes da nobreza europeia. O rei ocuparia o topo dessa estrutura, tendo sua autoridade limitada aos seus vassalos diretos. Em seguida, os duques, marqueses e condes exerciam sua autoridade em relação aos barões, vistos como os proprietários de menor influência. Além disso, havia os cavaleiros, os quais prestavam serviço mediante a proteção das propriedades existentes.


Por Rainer Sousa
Mestre em História
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Sociedade Feudal



Feudo: local onde uma nova organização social se estabeleceu na Europa.

No estudo da sociedade medieval, comumente fazemos uma distinção inspirada nos dizeres de um bispo do século XI, que assim dizia: “...uns rezam, outros combatem e outros trabalham.”. Porém, ao estudarmos a sociedade medieval podemos levantar uma dinâmica de grupos sociais que nos mostram, na verdade, uma outra série de grupos que circulavam no interior dos feudos. Portanto, podemos vislumbrar algo para além do clero, dos nobres e dos servos. 

O clero tinha grande importância no interior dos feudos nessa época. Sendo a única classe letrada do período, a Igreja tinha grande influência nos costumes e formas de agir do mundo medieval. Os clérigos eram divididos entre alto e baixo clero. O primeiro era composto por bispos, abades e cônegos que influenciavam fortemente as decisões políticas dos reis e senhores feudais. O baixo clero era composto por padres e monges que cuidavam diretamente da vivência religiosa das populações feudais ou viviam enclausurados em mosteiros. 

Os nobres eram representados pela figura do senhor feudal. Detentor de terras, o senhor feudal tinha autoridade dentro de suas posses. Devido o direito do primogênito, muitos dos filhos dos senhores feudais acabavam ocupando outras funções. Boa parte deles formava a classe dos cavaleiros, designados para garantir a proteção militar do feudo. Em outros casos, um nobre poderia se ocupar da administração das terras de um feudo ou voltava-se para a vida religiosa, ocupando algum tipo de cargo clerical. Esse tipo de prática viria a mesclar as origens das ordens clericais e nobiliárquicas. 

Em alguns casos um nobre detentor de um extenso número de terras poderia conceder parte delas para um outro nobre. Na chamada cerimônia de homenagem o nobre proprietário de terras (susserano) concedia parte de suas terras ou algum tipo de privilégio econômico a outro nobre (vassalo). Em troca, o vassalo prometia oferecer auxílio militar para a proteção das propriedades pertencentes ao seu senhor. O chamado contrato feudo-vassálico acontecia apenas entre indivíduos pertencentes à nobreza. 

Ocupando classes intermediárias na sociedade feudal, havia os vilões e ministeriais. Os vilões era uma classe de homens livres que não tinham a obrigação de estarem presos ao trabalho nas terras. Em geral, prestavam pequenos serviços para o senhor feudal e poderiam se mudar para outro feudo a hora que bem entendessem. Os ministeriais exerciam funções administrativas e, em alguns casos, podiam ascender socialmente ocupando o cargo de cavaleiro. 

A classe servil era composta por camponeses destinados a trabalharem nas terras cultiváveis do feudo. Entre suas obrigações para com um senhor feudal, um servo deveria trabalhar compulsoriamente nas terras do senhor feudal (corvéia) e pagar as exigências feudais (redevances) que constituíam em um conjunto de impostos cobrados pelo senhor das terras. Entre outras exigências, senhor feudal poderia requerer parte da produção agrícola do servo (talha), cobrar um imposto pelo número de servos presentes no feudo (capitação), cobrar pelo uso das instalações e ferramentas do feudo (banalidades), entre outras cobranças. 

Sendo uma sociedade de caráter separada em estamentos, a sociedade feudal ficou marcada por sua extrema rigidez social. Em geral, um indivíduo nascia e morria pertencendo a um mesmo extrato da sociedade. Somente com as transformações do século XI e XII que as primeiras transformações apareceriam no interior desse tipo de organização social.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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Feudalismo


Iluminura medieval onde servos oferecem peças de um animal ao senhor feudal.
Iluminura medieval onde servos oferecem peças de um animal ao senhor feudal.
O feudalismo consiste em um conjunto de práticas envolvendo questões de ordem econômica, social e política. Entre os séculos V e X, a Europa Ocidental sofreu uma série de transformações que possibilitaram o surgimento dessas novas maneiras de se pensar, agir e relacionar. De modo geral, a configuração do mundo feudal está vinculada a duas experiências históricas concomitantes: a crise do Império Romano e as Invasões Bárbaras.

A economia sofreu uma retração das atividades comerciais, as moedas perderam seu espaço de circulação e a produção agrícola ganhara caráter subsistente. Nesse período, a crise do Império Romano tinha favorecido um processo de ruralização das populações que não mais podiam empreender atividades comerciais. Isso ocorreu em razão das constantes guerras promovidas pelas invasões bárbaras e a crise dos centros urbanos constituídos durante o auge da civilização clássica.

A ruralização da economia também atingiu diretamente as classes sociais instituídas no interior de Roma. A antes abrangente classe de escravos e plebeus veio a compor, junto com os povos germânicos, uma classe campesina consolidada enquanto a principal força de trabalho dos feudos. Trabalhando em regime de servidão, um camponês estaria atrelado à vida rural devido às ameaças dos conflitos da Alta Idade Média e a relação pessoal instituída com a classe proprietária, ali representada pelo senhor feudal.

O senhor feudal representaria a classe nobiliárquica detentora de terras. Divididos por diferentes títulos, um nobre poderia ser responsável desde a administração de um feudo até pela cobrança de taxas ou a proteção militar de uma determinada propriedade. A autoridade exercida pelo senhor feudal, na prática, era superior a dos reis, que não tinham poder de interferência direta sobre as regras e imposições de um senhor feudal no interior de suas propriedades. Portanto, assinalamos o feudalismo como um modelo promotor de um poder político descentralizado.

Ao mesmo tempo em que a economia e as relações sociopolíticas se transformavam nesse período, não podemos nos esquecer da importância do papel da Igreja nesse contexto. O clero entraria em acordo com os reis e a nobreza com o intuito de expandir o ideário cristão. A conversão da classe nobiliárquica deu margens para que os clérigos interferissem nas questões políticas. Muitas vezes um rei ou um senhor feudal doava terras para a Igreja em sinal de sua devoção religiosa. Dessa forma, a Igreja também se tornou uma grande “senhora feudal”.

No século X o feudalismo atingiu o seu auge tornando-se uma forma de organização vigente em boa parte do continente europeu. A partir do século seguinte, o aprimoramento das técnicas de produção agrícola e o crescimento populacional proporcionaram melhores condições para o reavivamento das atividades comerciais. Os centros urbanos voltaram a florescer e as populações saíram da estrutura hermética que marcou boa parte da Idade Média.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Os Carolíngios







Reino dos Francos



Através de acordos e da doação de terras, Pepino,o Breve, estabeleceu laços políticos com a Igreja.

Durante o século V, as tribos dos francos, com o processo de invasão do Império Romano do Ocidente, passaram a ocupar o norte da Gália. No governo de Clóvis, em 494, os exércitos reais empreenderam uma investida militar contra os visigodos que assegurou o domínio sobre toda região gaulesa. No decorrer dos governos francos, os reis empreenderam uma sólida associação com a Igreja Católica. Durante diversas dinastias, a Igreja e os nobres recebiam terras como recompensa da aprovação religiosa e apoio militar.

Ao longo do século VII os vários reis que assumiram o trono não conseguiram assegurar a unidade dos territórios. Conhecidos como “reis indolentes”, tais autoridades passaram a conceder poderes políticos a um grupo de funcionários públicos conhecidos como major domus ou prefeito do palácio. O mais conhecido deles foi Carlos Martel, que no ano de 732 liderou os francos na chamada Batalha de Poitiers, que impediu a expansão árabe rumo à Europa Central.

Com essa conquista, Carlos abriu portas para que seu filho, Pepino, o Breve, garantisse a condição de rei dos francos. Apoiado pela Igreja, Pepino empreendeu a conquista sob os territórios da Península Itálica, que posteriormente teve parte de suas terras doadas ao alto clero. Dominada diretamente pela Santa Sé, essa região ganhou o nome de Patrimônio de São Pedro. Carlos Magno, filho de Pepino, sucedeu seu pai no ano de 768.

Na década de 770, Carlos Magno subjugou os lombardos e saxões, obrigando-os a se converterem ao cristianismo. Anos mais tarde empreendeu campanhas no Leste Europeu, dominando uma parcela dos povos eslavos. Estreitando laços com a Igreja, o chamado Império Carolíngio vislumbrou a disseminação do cristianismo da Europa e restringiu o avanço da Igreja Bizantina. No ano de 800, o papa Leão III nomeou Carlos Magno imperador na cidade de Roma.

Para manter a unidade de seus territórios, foi necessário que ele distribuísse terras ao diversos integrantes do clero e da nobreza. Ao conseguirem a posse dos condados e das marcas (tipos diferentes de possessão de terra), esses grupos sociais estabeleciam um sólido laço de fidelidade com a autoridade de Carlos Magno. Além disso, o imperador criou um grupo de fiscais, chamados de missi dominici (emissários do senhor) que eram obrigados a fiscalizar os territórios reais. Para regimentar suas terras, Carlos ainda criou as capitulares, primeiro conjunto de leis do mundo medieval.

As conquistas deste império que se formou na Idade Média foram responsáveis por um período de intensa atividade cultural. Patrocinado do rei, escolas foram fundadas, várias obras greco-romanas foram traduzidas com o auxílio da Igreja que preservou boa parte deste conhecimento. Com a morte de Carlos Magno, em 814, todo o apogeu do Império Carolíngio foi posto a prova. Após o governo de Luís Piedoso, filho de Carlos, os territórios foram alvo da disputa de seus três filhos.

Depois de intensas disputas, o Tratado de Verdun (843) fixou a divisão do império em três novos reinos. Carlos, o Calvo, tornou-se o rei da França ocidental; Luís, o Germânico, deteve controle sobre a França Oriental; e Lotário tornou-se rei da França Central. Com a divisão, o poderio militar dos francos não conseguiu fazer frente à invasão dos normandos, magiares e árabes.

Nesse processo, outros nobres ganharam prestígio mediante seu sucesso militar. Em 987, Hugo Capeto controlou a região da França Ocidental. Com sua ascensão teve início a chamada dinastia capetíngia. Na porção oriental, os duques da Francônia, da Saxônia, da Baviera e da Suábia tomaram conta da região fundando o Reino Germânico. A queda do Império Carolíngio deu fim ao reino dos francos, que foi substituído pelo poder político dos nobres proprietários de terra.


Por Rainer Sousa
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