domingo, 21 de abril de 2013

As consequências das Cruzadas



As Cruzadas empreenderam mudanças no comportamento e nos hábitos da Europa Medieval.

Quando retomamos as motivações das Cruzadas, observamos que esse movimento de ordem religiosa e militar apareceu na Europa com intuito de resolver uma série de entraves que tomavam a Europa Medieval. Por um lado, os cruzadistas tinham o interesse de expulsar os muçulmanos da Terra Santa. Por outro, tinham visível interesse de buscar novas terras que pudessem atender a crescente demanda econômica da população europeia.

Em um primeiro momento, a conquista de terras e o controle da cidade de Jerusalém foram alcançados pelas tropas cristãs. Entretanto, o êxito teve pouca duração mediante as sucessivas vitórias que recolocaram a Terra Santa sob administração muçulmana e as reconquistas dos domínios orientais tomados pelos cristãos. Por fim, os reinos latinos, estabelecidos nas primeiras cruzadas, foram reduzidos a algumas porções da Palestina e da Síria.

Apesar de tais limitações, as Cruzadas tiveram papel fundamental para que a civilização europeia trilhasse novos rumos. Os saques promovidos no Oriente permitiram que uma expressiva quantidade de moedas adentrasse a economia feudal. Com isso, os comerciantes tiveram condições para criar companhias de comércio que transitavam entre o Ocidente e o Oriente. Progressivamente, o medo das terras longínquas perdeu espaço para um renovado espírito empreendedor.

As rotas comerciais permitiram o desenvolvimento das cidades ocidentais e a aproximação dos saberes das civilizações europeia, muçulmana e bizantina. A busca pelo lucro, o racionalismo econômico, o aprimoramento da tecnologia marítima e o racionalismo econômico manifestavam que os antigos ditames feudais não permaneceriam intocados. Do ponto de vista econômico, a antiga feição agrária da Europa ganhava outros contornos.

Os senhores feudais, interessados pelas mercadorias que vinham do mundo oriental, reorganizaram o modelo de produção de suas terras buscando excedentes que pudessem sustentar esse novo padrão de consumo. Além disso, a estrutura rígida do sistema servil cedeu espaço para o arrendamento de terras e a saída de servos atraídos pelo novo modo de vida existente nos espaços urbanos revitalizados. Assim, o feudalismo dava os primeiros indícios de sua crise.

Ao mesmo tempo em que houve o contato entre as culturas, não podemos esquecer que a intolerância religiosa também foi outro importante signo deixado pelas Cruzadas. Do ponto de vista histórico, a perseguição aos judeus e aos muçulmanos se fortaleceu com essas situações de conflito. Não por acaso, podemos notar que os reinos ibéricos, por exemplo, empreenderam uma forte campanha contra indivíduos não cristãos na passagem da Idade Média para a Idade Moderna.

As Cruzadas demonstram que as consequências das ações humanas nem sempre se concretizam conforme seus anseios e expectativas. Contudo, foi essa mesma imprevisibilidade que nos indicou a constituição de novos rumos que romperam o ordenamento feudal. De fato, é praticamente impossível não pensar na contribuição profunda deste evento histórico para que a Europa Moderna ensaiasse os seus primeiros passos.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Site: www.brasilescola.com em 21 de abril de 2013.

Cruzadas


Rei Ricardo, coração de leão. No peito, a cruz, principal símbolo do cristianismo.
Rei Ricardo, coração de leão. No peito, a cruz, principal símbolo do cristianismo.

De 1096 a 1270, expedições foram formadas sob o comando da Igreja, a fim de recuperar Jerusalém (que se encontrava sob domínio dos turcos seldjúcidas) e reunificar o mundo cristão, dividido com a “Cisma do Oriente”. Essas expedições ficaram conhecidas como Cruzadas.

A Europa do século XI prosperava. Com o fim das invasões bárbaras, teve início um período de estabilidade e um crescimento do comércio. Consequentemente, a população também cresceu. No mundo feudal, apenas o primogênito herdava os feudos, o que resultou em muitos homens para pouca terra. Os homens, sem terra para tirar seu sustento, se lançaram na criminalidade, roubando, saqueando e sequestrando. Algo precisava ser feito.

Como foi dito anteriormente, o mundo cristão se encontrava dividido. Por não concordarem com alguns dogmas da Igreja Romana (adoração a santos, cobrança de indulgências, etc.), os católicos do Oriente fundaram a Igreja Ortodoxa. Jerusalém, a Terra Santa, pertencia ao domínio árabe e até o século XI eles permitiram as peregrinações cristãs à Terra Santa. Mas no final do século XI, povos da Ásia Central, os turcos seldjúcidas, tomaram Jerusalém. Convertidos ao islamismo, os seldjúcidas eram bastante intolerantes e proibiram o acesso dos cristãos a Jerusalém.

Em 1095, o papa Urbano II convocou expedições com o intuito de retomar a Terra Sagrada. Os cruzados (como ficaram conhecidos os expedidores) receberam esse nome por carregarem uma grande cruz, principal símbolo do cristianismo, estampada nas vestimentas. Em troca da participação, ganhariam o perdão de seus pecados.

A Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como Veneza e Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor, como: pimenta-do-reino, cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre os séculos XI e XIII, partiram para o Oriente oito Cruzadas.

A primeira (1096 – 1099) não tinha participação de nenhum rei. Formada por cavaleiros da nobreza, em julho de 1099, tomaram Jerusalém. A segunda (1147 – 1149) fracassou em razão das discordâncias entre seus líderes Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império. Em 1189, Jerusalém foi retomada pelo sultão muçulmano Saladino. A terceira cruzada (1189 – 1192), conhecida como ‘”Cruzada dos Reis”, contou com a participação do rei inglês Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do rei Frederico Barbarruiva, do Sacro Império. Nessa cruzada foi firmado um acordo de paz entre Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a Jerusalém. A quarta cruzada (1202 – 1204) foi financiada pelos venezianos, interessados nas relações comerciais. A quinta (1217 – 1221), liderada por João de Brienne, fracassou ao ficar isolada pelas enchentes do Rio Nilo, no Egito. A sexta (1228 – 1229) ficou marcada por ter retomado Jerusalém, Belém e Nazaré, cidades invadidas pelos turcos. A sétima (1248 – 1250) foi comandada pelo rei francês Luís IX e pretendia, novamente, tomar Jerusalém, mais uma vez retomada pelos turcos. A oitava (1270) e última cruzada foi um fracasso total. Os cristãos não criaram raízes entre a população local e sucumbiram.

As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras consequências como o enfraquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder real, a expansão do mercado e o enriquecimento do Oriente.
 
Por Demercino Júnior
Graduado em História
Site: www.brasilescola.com em 21 de abril de 2013.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Índios no Brasil



Os povos indígenas brasileiros formam um rico e complexo conjunto de crenças e hábitos.

A presença dos índios no território brasileiro é muito anterior ao processo de ocupação estabelecido pelos exploradores europeus que aportaram em nossas terras. Segundo os dados presentes em algumas estimativas, a população indígena brasileira variava entre três e cinco milhões de habitantes. Entre essa vasta população, observamos o desenvolvimento de civilizações heterogêneas entre as quais podemos citar os xavantes, caraíbas, tupis, jês e guaranis.

Geralmente, o acesso às informações sobre essas populações são bastante restritas. A falta de fontes escritas e o próprio processo de dizimação dessas culturas acabaram limitando as possibilidades de estudo das mesmas. Em geral, o maior contato desenvolvido entre índios e europeus aconteceu nas faixas litorâneas do nosso território, onde predominam os povos indígenas pertencentes ao grupo tupi-guarani. Apesar das várias generalizações, relatos do século XVI esclarecem alguns hábitos desse povo.

De acordo com esses registros, os povos tupi-guarani organizavam aldeias que variavam entre os seus 500 e 750 habitantes. A presença da aldeia era temporária e todo o seu contingente era dividido entre seis a dez casas, sendo que cada uma delas poderia variar de tamanho e comprimento de acordo com as necessidades materiais e culturais de cada aldeia. Para buscarem sustento, os tupis desenvolveram a exploração da coleta, da caça, da pesca e, em alguns casos, das atividades agrícolas.

Sob o ponto de vista político, essas comunidades não contavam com nenhum tipo de organização estatal ou hierarquia política que pudesse distinguir seus integrantes. Apesar disso, não podemos ignorar que alguns guerreiros e chefes espirituais eram valorizados pelas habilidades que detinham. Muitas vezes, diferentes tribos mantinham contato entre si em busca da manutenção de alguns laços culturais ou em razão da proximidade da língua falada.

A realização das tarefas cotidianas poderia variar segundo o gênero e a idade de cada um dos integrantes da aldeia. Em suma, as mulheres tinham a obrigação de desenvolver as atividades agrícolas, fabricar peças artesanais, processar os alimentos e cuidar dos menores. Já os homens deveriam realizar o preparo das terras e as atividades de caça e pesca. Tendo outro modelo de organização familiar, os índios organizavam casamentos e, em algumas situações, a poligamia era aceita.

No campo religioso, alguns desses povos acreditavam na existência dos espíritos, na reencarnação dos seus antepassados e na compreensão dos fenômenos naturais como divindades. Em diversas situações, esse corolário de crenças era fonte de explicação para a origem do mundo ou a ocorrência de algum evento significativo. Em alguns casos, os índios praticavam a antropofagia como um importante ritual em que os guerreiros da tribo absorviam a força e as habilidades dos inimigos capturados.

Historicamente, a situação dos índios variou entre quadros de completo abandono, perseguição e miséria. Até meados da segunda metade do século XX, alguns especialistas no assunto acreditavam que a presença dos índios chegaria a um fim. Contudo, estipulados em uma população de aproximadamente um milhão de indivíduos, os indígenas hoje buscam o reconhecimento de seus diretos pelo Estado e ainda sofrem grandes obstáculos no exercício de sua autonomia.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Site: www.brasilescola.com em 15/04/2013.

O Indígena no Brasil



 Tribo típico do Brasil 

Os termos ‘índios e indígenas’ são denominações generalizadas, pois englobam os grupos que em outros momentos foram chamados especificamente de Karajá, Suyá, Kamayurá, Xavante. Os termos dados são heranças do período de colonização, quando muitos desses foram dizimados. 

Apesar de ter uma língua diferente, assim como os costumes, eles têm que adquirir os conhecimentos e culturas externas, isso se torna necessário para que essa minoria nacional possa, diante da cultura dominante, estabelecer os seus direitos e suas reivindicações ao país no qual estão subordinados. 

Através de pesquisas do órgão oficial do governo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram registrados cerca de 734.131mil pessoas que se consideravam índios, embora o censo realizado pela Funai estima que esse número seja bem inferior, por considerar como índio apenas aqueles que vivem em reservas, com isso a quantidade cai para 358 mil. Hoje os principais centros de concentração de índios se localizam nas regiões do Amazonas, Nordeste e no Centro-sul e no estado do Mato Grosso do Sul. 

Quanto à diversidade, os grupos são extremamente diferentes, varia o idioma, valores, mitos, regras, tipos de moradias, de acordo com essa variação são reconhecidos 215 grupos indígenas distintos e com uma variedade de mais de 180 línguas diferentes. 

Os grupos indígenas podem se diferenciar segundo o nível de contato com a civilização branca, que podem ser isolados (contatos raros e acidentais), os integrados (falam em português ou trabalham nas cidades) e contato intermitente (contato permanente com os brancos). 

Se comparar a quantidade de índios desde o período do descobrimento fica evidente que essa minoria foi praticamente dizimada, a ocupação foi instituída através das sociedades indígenas que aqui habitavam bem antes dos homens chamados ‘civilizados’ chegarem.
Diante disso, as principais causas do restrito número de índios no Brasil são basicamente a expropriação de suas terras para ceder à ocupação rural e urbana, grande quantidade de índios mortos em lutas contra brancos e, principalmente, por doenças que até então eram desconhecidas, já que esses não possuíam anticorpos contra doenças como gripe e sarampo, que foram contraídas através do contato com os brancos. Houve períodos que essas e outras promoveram verdadeiras epidemias avassaladoras.

Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola
Site: www.brasilescola.com em 15/04/2013.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

China medieval: Dinastias Sui e Tang: reunificação e esplendor do império chinês


China atual é um país continental marcado pela diversidade cultural, étnica e linguística. Um exemplo disso é chamarmos de língua chinesa o que, na verdade, é o mandarim, um dos vários dialetos falados no país e cujo ensino é obrigatório em todas as suas províncias.
Em Hong-kong, por exemplo, ex-possessão britânica, recentemente reintegrada à República Popular da China, a língua falada pelos habitantes é o cantonês, que é incompreensível para chineses de outras regiões.
O turista estrangeiro que visitar os rincões da China encontrará diversas minorias étnicas. Atualmente, o governo chinês reconhece a existência de pouco mais de cinquenta grupos. Entre eles, podemos destacar as etnias hui e cazaque.
A minoria hui, por exemplo, é de religião muçulmana, que proíbe o consumo da carne de porco, a principal iguaria da cozinha chinesa. Ela jamais conseguiu se integrar inteiramente ao resto da população e costuma estar envolvida em revoltas separatistas. Por sua vez, o grupo cazaque, compartilha mais laços culturais com os turcos do que com os han, a etnia dominante no país. É encontrado em partes da China e também na Rússia, Mongólia, Uzbequistão e Cazaquistão (onde é maioria).
Por tudo isso, podemos concluir que não é fácil para um governo (não importa qual seja o regime) manter a unidade política em um território tão vasto quanto o da China. Nem hoje nem no passado mais distante. Por outro lado, podemos perceber que tal unidade foi criada e mantida muitas vezes com o uso da força bruta. E como veremos, na história chinesa, tal unidade já foi destruída e reconstruída algumas vezes.
Ameaças à unidade política chinesa
Em 221 a.C., com a dinastia Qin, surgia, pela primeira vez, um Estado unificado chinês. A dinastia seguinte, os Han, que governou a China de 206 a.C. ao ano 220 da nossa era, consolidou essa unificação. Tal unidade política não resistiu e o país se dividiu em três reinos independentes: Wei (no Norte), Shu (no Oeste) e Wu (no Leste).
No ano 552, essa China dividida estava prestes a ser invadida pelos turcos, mas isto não aconteceu, pois uma divisão política também ocorreu entre eles, dando início, mais tarde, no ano 581, a uma guerra que opôs o Turquestão do oeste e o Turquestão do leste.
Este conflito entre os turcos foi encorajado pelos chineses pois afastava deles a possibilidade de uma invasão. Livres deste perigo, os três reinos chineses começaram a lutar entre si. Cada um era controlado por uma elite guerreira e proprietária de terras, semelhante aos senhores feudais da Europa medieval. Após muitas batalhas, finalmente, no ano 589, um desses nobres, cujo nome era Wendi, saiu vitorioso e reunificou a China, dando início à dinastia Sui (589-618).
Dinastia Sui
Wendi, o primeiro imperador Sui, encontrando um país arrasado pela guerra ordenou o corte de gastos com "mordomias", que beneficiavam apenas os membros da nobreza, e tentou melhorar as condições de vida dos camponeses, que eram paupérrimos.
Tais medidas não agradaram certos nobres que logo tramaram e assassinaram o primeiro imperador Sui. Em seguida, substituíram-no por seu filho, Yangdi, que diferente do pai, preferia gastar a economizar.
Assim, o segundo imperador Sui aumentou os gastos com "mordomias" e obras "faraônicas" beneficiando a nobreza que o havia colocado no trono. E quem pagou a conta, desse aumento nos gastos, foram os camponeses que passaram a ser ainda mais explorados.
O Grande Canal
A obra mais importante construída durante o governo do segundo imperador Sui foi o Grande Canal, que ligava os dois principais rios da China. Ela facilitou o transporte do imposto pago em arroz até as duas capitais do país na época, na bacia do rio Amarelo: Chang'an, a oeste, e Luoyang, a leste.
Esse arroz era estocado em armazéns públicos, cujo objetivo era garantir uma reserva em períodos de escassez e também para evitar o aumento exagerado dos preços, a famosa inflação, conhecida até os dias de hoje.
Apesar da importância econômica do Grande Canal, a sua construção significou grandes sacrifícios para o povo chinês: milhares de camponeses foram convocados para trabalhar na obra e vários deles morreram enquanto realizavam a tarefa. Não bastasse isso, cada homem convocado representou braços a menos para trabalhar nos campos. Consequentemente houve queda na produção agrícola, o que significava menos comida no país.
Invasões à Coreia
O imperador também pretendia que o Grande Canal fosse um instrumento para sua política expansionista e a vizinha Coreia foi um dos primeiros alvos. Na época, ela estava dividida em três reinos independentes e o imperador chinês tentou quatro vezes conquistar um deles, chamado Goguryeo.
Na primeira vez, ele reuniu os membros da nobreza guerreira e os enviou à Coreia numa tentativa malsucedida de invadir e dominar o reino de Goguryeo. As forças chinesas sofreram derrotas em terra e no mar. Os coreanos ofereceram forte resistência enquanto defendiam as muradas de suas cidades. E fora das muradas, os soldados chineses também eram derrotados por dois inimigos: a fome e o frio.
Uma das razões para a vitória coreana foi a sua superioridade na engenharia naval: os seus navios eram encouraçados de metal, uma novidade na época, e conseguiram repelir a marinha chinesa. As outras três tentativas de conquistar o reino coreano também fracassaram.
O exército chinês foi arrasado na série de guerras travadas contra o reino coreano. Estima-se que as baixas chinesas superaram a marca de dois milhões. Das 305 mil tropas enviadas para lutar na Coreia, apenas duas mil e setecentas retornaram. O alto custo dessas derrotas militares, tanto em dinheiro quanto em vidas humanas, contribuiu para o fim da dinastia Sui.
O imperador se tornou cada vez mais impopular e, no ano de 618, acabou sendo assassinado por seus próprios ministros. Outros fatores que contribuíram para a sua queda foram as invasões de nômades turcos no território chinês e os excessivos gastos com luxos no palácio - à custa dos impostos pagos pelos mais pobres.
O início da Dinastia Tang
Pouco antes do assassinato de Yangdi, numa das capitais do império, Daxing, que se localizava no oeste, um general rebelde chamado Li Yuan, proclamou imperador um dos netos do monarca. Esse general também "homenageou" Yangdi concedendo-lhe o título de "imperador aposentado". Tais medidas só foram reconhecidas nos territórios controlados por ele.
Antes de se rebelar, Li Yuan governava uma província e era leal ao imperador. Um de seus filhos, o segundo, Li Shimin (também se escreve Li Shih-Min), foi quem encorajou o pai a rebelar-se. Quando as notícias sobre a morte de Yangdi chegaram Li Yuan depôs o neto do imperador e colocou a si mesmo no trono, dando início à dinastia Tang (618-907).
Dentre todos os filhos do primeiro imperador Tang, Li Shimin era o mais ambicioso e o que mais demonstrava talento para a política. O irmão mais velho, Li Jiancheng, sentindo-se preterido (que por ser o primogênito, considerava-se o herdeiro do trono por direito), uniu-se a outro irmão, Li Yuanji, o quarto filho de Li Yuan, para conspirar contra o irmão. A conspiração fracassou e ambos acabaram mortos numa emboscada preparada pelo irmão que pretendiam eliminar. Li Shimin tomou como esposa a viúva do irmão mais novo.
No ano 626, o primeiro imperador Tang abdicou do trono em favor de Li Shimin que, ao assumi-lo, adotou um novo nome: Taizong (também se escreve Tai-Zung), que significa "segundo imperador de uma dinastia". Portanto, Tang Taizong significa nada menos que "segundo imperador da dinastia Tang".
Tang Taizong, imperador mestiço
O segundo imperador Tang era de origem chinesa, por parte do pai, e turca, por parte da mãe. Esse fator contribuiu para que a dinastia Tang fosse caracterizada pela mescla de elementos das duas culturas e fosse mais aberta para inovações, rompendo com algumas das antigas tradições chinesas.
Taizong incorporou várias tropas turcas ao exército chinês, nomeando oficiais turcos e utilizou esse exército contra os próprios reinos turcos.O império dos Tang era multicultural: além de turcos e chineses, também abrigava comunidades de origens indiana, persa e árabe, entre outras.
Reforma agrária e concursos públicos
Durante o reinado de Taizong, o governo tomou medidas que contribuíram bastante para o desenvolvimento da China. Uma delas foi a reforma agrária: o imperador desapropriou as terras que pertenciam aos seus inimigos (era uma forma de evitar que os nobres se rebelassem contra o imperador) e as dividiu entre os camponeses que nela trabalhavam (conquistando, assim, apoio popular).
Para administrar o país, o imperador precisava de funcionários públicos qualificados. Então ele instituiu concursos públicos, nos quais os candidatos que apresentassem melhor desempenho nas provas eram selecionados. O critério de seleção baseava-se apenas no desempenho do candidato na prova, independente de sua origem social. Por isso, se diz que a China do período era uma meritocracia, ou seja, um regime em que as pessoas conquistam cargos com base no mérito e não por "apadrinhamento".
A imperatriz Wu Hou
A política de Taizong foi continuada por seus sucessores, dentre os quais, Wu Hou, a única mulher a ser reconhecida oficialmente como imperatriz da China, que havia sido uma das concubinas de Li Shimin.
Quando um imperador chinês morria, as mulheres, que faziam parte do harém, eram obrigadas a viver reclusas. Muitas delas eram enviadas para algum convento budista, geralmente próximo ao túmulo do imperador, onde tinham as suas cabeças raspadas e passavam o tempo rezando pela alma do morto para que ele fosse feliz em sua próxima reencarnação.
Wu Hou escapou desse destino porque seus atributos teriam impressionado o filho de Taizong, o imperador Gaozong. Ela governou ao lado de Gaozong de 670 a 683 e, sozinha, de 690 a 705, quando morreu. O seu sucessor foi o seu filho, Zhongzong.
Fase de prosperidade
Durante a dinastia Tang, a China conheceu uma fase de grande prosperidade e progresso técnico e material. Entre as inovações que marcaram o período está o aparecimento do primeiro relógio mecânico, no ano 732, inventado por um monge budista chinês.
Outras invenções que marcaram o período foram a bússola e a técnica de imprimir livros. Enquanto na Europa, nos mosteiros católicos, os chamados monges copistas tinham que transcrever manualmente livros antigos para se obter novas cópias, na China já era possível imprimir vários exemplares de um mesmo livro.
Essa mesma técnica de impressão permitiu que as provas para os concursos públicos chineses da época fossem impressas. Durante a dinastia Tang, a China teve suas fronteiras ampliadas e o comércio se expandiu. O período também foi marcado pela fundação de várias escolas de medicina, não apenas na capital, Chang'an, mas também nas províncias.
Uma das consequências do desenvolvimento econômico foi o extraordinário aumento da população, favorecido pela melhoria nas condições de vida da maioria dos habitantes. Segundo o primeiro censo, realizado em 754, a população da China já havia ultrapassado a faixa dos 50 milhões, um número excepcional para a época.
No entanto, essa prosperidade não durou para sempre. O final da dinastia Tang foi conturbado, marcado por uma série de crises. Durante o reinado de Taizong, os camponeses pagavam impostos em espécie (entregando parte do arroz que plantavam) ou na forma de trabalho; mas, a partir de 780, o governo passou a exigir que os impostos fossem pagos em dinheiro. Tal exigência era impossível de ser cumprida pela maioria dos camponeses e, por isso, muitos deles perderam suas terras.
Perseguição aos budistas
Outro problema que surgiu foi a escassez de cobre e outros metais para cunhar moedas. Naquela época, o dinheiro era todo na forma de metal. Falta de metal era igual a falta de dinheiro. O governo colocou a culpa nos templos budistas que usavam bronze e outros metais para construir seus sinos e estátuas.
Em meados do século 9, ele começou a confiscar todos os objetos de metal dos templos budistas para derretê-los e cunhar novas moedas. Outra medida foi baixar um decreto que acusava o budismo de ser uma religião estrangeira (surgiu onde hoje é o Nepal), que estava enfraquecendo o país.
O governo se apropriou das terras onde estavam vários mosteiros budistas. Alguns foram destruídos enquanto outros foram transformados em edifícios públicos. Devido à extensão da China, essas medidas antibudistas só conseguiram ser cumpridas em algumas regiões. Nas outras, eles continuaram praticando sua religião nos templos e mosteiros.
A decadência da dinastia Tang
Outros problemas assolaram o país: uma grande seca e uma praga de gafanhotos trouxeram a fome e provocaram uma série de revoltas camponesas. Uma delas ocorreu no século 9, quando vários camponeses famintos saquearam as duas capitais, Chang'an e Luoyang. Apesar de derrotada, essa rebelião enfraqueceu o exército chinês e contribuiu para o declínio da dinastia Tang.
A partir do ano 902, teve início uma longa guerra civil que levou ao esfacelamento do país em vários reinos menores. Em 906, o general Zhu Wen depôs o último imperador Tang e deu início ao período das cinco dinastias, 907-960, também conhecido como período dos dez reinos.
A China voltou a ser reunificada somente a partir do ano 960. O responsável por isto foi o general Zhao Kuangyin que deu início a uma nova dinastia - a dos Song (960-1279). Os Song conseguiram reunificar a maior parte da China, exceto a parte norte que estava sendo governada por um povo mongol. Durante esta dinastia, a China se tornará pioneira no uso do papel-moeda e no da pólvora. Mas essa já é uma outra história.
Site: www.educacao.uol.com.br
Escrito por: Túlio Vilela formado em história pela USP, é professor da rede pública do Estado de São Paulo e um dos autores de "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula" (Editora Contexto).

Série "Grandes Civilizações" - China



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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Construindo um Império - Bizâncio

O império bizantino governou o mundo ocidental durante mil anos e brilhou entre as penumbras das "Eras Obscuras". Você se deslumbrará com suas grandes obras de arte e suas estruturas inusitadas e gigantescas, entre as quais destacam-se: o maior aqueduto da antiguidade, muralhas para proteger a cidade, um enorme estádio e uma importante catedral. Impressione-se com a grandiosidade de uma cidade que foi capital de múltiplos impérios.


Site: www.youtube.com, em 01/04/2013.